OMS quer rótulos com alertas sobre câncer em bebidas alcoólicas, à semelhança dos usados em cigarros

A Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu, nesta semana, que latas e garrafas de bebidas alcoólicas passem a exibir rótulos de advertência sobre os riscos de câncer, semelhantes aos utilizados em embalagens de cigarros. Segundo a agência da ONU, os governos deveriam tornar obrigatórios esses avisos de forma clara e visível, como parte de uma estratégia global para reduzir os danos causados pelo consumo excessivo de álcool.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu, nesta semana, que latas e garrafas de bebidas alcoólicas passem a exibir rótulos de advertência sobre os riscos de câncer, semelhantes aos utilizados em embalagens de cigarros. Segundo a agência da ONU, os governos deveriam tornar obrigatórios esses avisos de forma clara e visível, como parte de uma…

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A recomendação foi recebida com apoio por organizações de combate ao câncer, que destacaram a falta generalizada de conscientização sobre o vínculo entre álcool e diversos tipos de câncer.

“Sabemos que o álcool causa sete tipos de câncer, incluindo dois dos mais comuns — mama e intestino. Incluir alertas nos rótulos ajudaria a aumentar a conscientização e incentivar as pessoas a refletirem sobre quanto bebem”, afirmou Malcolm Clarke, gerente de políticas preventivas do Cancer Research UK.

A Fundação Mundial para a Pesquisa do Câncer também reforçou o apelo, afirmando que a maioria das pessoas desconhece que o álcool é um fator de risco significativo para vários tipos de câncer, mesmo com evidências científicas sólidas.

“Apesar de nossas evidências demonstrarem que o álcool está ligado a pelo menos sete tipos de câncer, ele ainda é isento de rótulos obrigatórios na maioria dos países. Isso é extremamente preocupante”, disse Kate Oldridge-Turner, chefe de políticas da organização.

A OMS destacou que o direito à informação é um componente essencial da saúde pública, e que os rótulos devem ser visíveis e incluir avisos específicos sobre o câncer.

“Fornecer essa informação não tira nada do consumidor. Pelo contrário, o capacita com conhecimento, e conhecimento é poder”, declarou Dr. Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa.

Alguns países já começaram a se mover nessa direção. A Irlanda será o primeiro país da União Europeia a exigir, a partir de maio de 2026, que os rótulos de bebidas alcoólicas incluam avisos de saúde, incluindo o risco de câncer. França e Lituânia já exigem alertas sobre o consumo de álcool durante a gravidez, enquanto a Alemanha informa a idade mínima legal para o consumo.

Apesar do apoio crescente da comunidade científica e de entidades de saúde, a proposta enfrenta resistência por parte da indústria alcooleira. O Portman Group, que representa produtores do Reino Unido, criticou a medida como “exagerada” e afirmou que alertas desse tipo poderiam causar ansiedade desnecessária e minar a confiança do público nas orientações de saúde.

“Reconhecemos a ligação entre álcool e câncer, mas os rótulos com advertências genéricas não são uma medida proporcional. Eles não contextualizam adequadamente os riscos e podem alienar as pessoas que mais precisam de apoio”, disse um porta-voz do grupo.

No Reino Unido, o governo ainda não tem planos para adotar rótulos obrigatórios em bebidas alcoólicas. Em resposta, Dr. Katherine Severi, do Instituto de Estudos sobre o Álcool, criticou a omissão:

“É absurdo que uma garrafa de suco ou de leite exija mais informações no rótulo do que uma garrafa de vinho ou vodka. Nossas regulamentações favorecem há muito tempo as empresas de álcool em detrimento da saúde pública”, afirmou.

A OMS, por sua vez, reforça que os rótulos informativos são uma ferramenta vital para prevenir doenças, sobretudo diante do crescimento dos índices de mortes relacionadas ao álcool. A organização pede que os governos resistam à pressão da indústria e priorizem o direito da população à informação.

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